terça-feira, 11 de janeiro de 2011

NOSSO SEGREDO


O título desse post é uma brincadeira para fazer uma ponte entre Nosso Lar, de André Luiz, psicografado por Chico Xavier, e O Segredo, best-seller de Rhonda Byrne. Fazendo um resumo bem enxuto de O Segredo, a lei da atração é o segredo, e essa lei define que você atrai aquilo ao que você se sintoniza mentalmente e emocionalmente; sejam sentimentos bons ou ruins, agradáveis ou de repulsa, o universo sempre responde à sua sintonia, e você receberá mais daquilo em que estiver sintonizado, mesmo que não deseje aquilo. A mensagem final do filme (para quem não sabe, O Segredo é um caso raro em que o filme veio antes do livro), pode-se resumir naquela pequena frase escrita nas areias de uma praia, "sinta-se bem". Sentir-se mal não vai mudar uma má situação, você precisa buscar um jeito ou até uma estratégia para se sentir bem, e assim mudar a realidade à sua volta.

Em Nosso Lar, André Luiz, ao falecer, se encontra numa região obscura, no umbral, uma espécie de purgatório. Após seis anos nesse lugar é que ele consegue elevar-se intimamente um pouco e daí então enxergar uma equipe de socorro que já o visitara antes, mas que ele tinha sindo incapaz de vê-los devido às suas sintonias diferentes. Ele é então levado e tratado em Nosso Lar. Um bom tempo depois, quando já havia aprendido, desenvolvido um pouco mais suas faculdades mentais, já prestando socorro a necessitados e mostrando um desenvolvimento exemplar, ele acabou por receber a chance de visitar a família que ele havia deixado no mundo físico. Chegando lá descobriu que sua esposa tinha casado novamente. Surpreso, André saiu da casa e sua raiva era tanta que ele viu descortinar-se em sua volta as sombras do umbral onde ele estivera tempos atrás. Ele compreendeu o que estava acontecendo, ponderou a situação, controlou suas emoções e saiu novamente do umbral.

André Luiz entendeu que sua sintonia, sua situação interior é que define o seu ambiente, levando-o a um lugar de acordo com a sua afinidade natural. E o que O Segredo nos diz é que isso acontece também aqui. Na verdade, a espiritualidade está em tudo, esse é o nosso segredo. A realidade à nossa volta está sempre preparando respostas no mesmo tom dos nossos sentimentos. Vários espiritualistas, especialmente aqueles que estudam a projeção astral, muitas vezes chamam o nosso espírito de "corpo emocional". Ou seja, seus pensamentos e suas emoções descrevem grande parte de quem você é e de onde você é, e a vida, o universo, vai sempre tentar te fazer "se sentir em casa", mesmo que você não goste dessa casa.

Então a espiritualidade também está aqui; a morte muda muita coisa, mas não é uma fronteira que se cruza para um mundo incrível e distante do que temos aqui, a morte é um encontro consigo mesmo, com sua frequência, sua sintonia, com o local onde seu corpo emocional se situa, é a lei da atração sem a barreira do corpo físico, é a repercussão do seu íntimo. Cuidar da espiritualidade é tentar sempre melhorar internamente ainda aqui, no físico, prestar atenção nas suas reações emocionais, tentar manter-se alerta de que você emana energias e acaba recebendo energias semelhantes.

Se uma situação está ruim, ao invés de torcer impacientemente pelo fim , melhor é tentar mudar internamente para melhor.

Luz e Paz!

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O QUE É O AMOR??

Hoje em dia há algo comum se sobressaindo em textos religiosos, livros de auto-ajuda, letras de música, até e-mails com aquelas mensagens, dentre outras coisas. Virou um ponto chave de várias filosofias e linhas de pensamento e que tem mostrado que realmente não há um abismo tão grande entre certos pontos de vista, estando este abismo na verdade no entendimento técnico, na simbologia, na linguagem usada para tratar daquilo que deveria ser uma só coisa: o amor.

O amor está nas letras de músicas mais consagradas (de John Lennon, Bob Marley, pra citar alguns), nas escrituras sagradas mais famosas, e está cada vez mais "na moda." Digamos que é a nova "tendência". Mas o leitor mesmo já deve estar se perguntando: de que amor estou falando? O amor de casais, tão cantado nas músicas de todos os estilos? Ou o amor sagrado, puro, que temos por um amigo, nossos pais, uma divindade? Estou falando de amor ou de paixão?

Na verdade, quebramos o amor em dois tipos diferentes para não precisarmos quebrar muito a cabeça com a raiz da dúvida: O que é amor? Muitos pensam saber a resposta por já terem amado alguém, mas não seria isso apenas paixão? Amor então na verdade seria aquilo que se sente por um filho, o que também pode ser sentido por aquela pessoa pela qual também sentimos paixão. Mas será que toleraríamos os erros da(o) companheira(o) assim como toleraríamos os erros de um filho? Talvez seja aí o ponto de começo da separação entre amor e paixão, ou de dois amores diferentes.

E aquele amor por coisas? "Eu amo chocolate". "Eu amo música". "Eu amo viajar." Essas frases deixam um pouco mais claro o que é o nosso amor. Possuímos uma lei infalível: queremos perto de nós aquilo que nos dá prazer, e longe aquilo que nos desagrada, e então odiamos, "Odeio giló". "Odeio notícias ruins."

Talvez então o amor que se tem por um filho esteja mais próximo de um amor puro, pois continua-se amando mesmo com desagrados do filho, mas vemos também que existem limites nas "travessuras" toleráveis. Não seria então mais correto dizer que, ao invés de amores diferentes, existem níveis ou graus diferentes de amor?

Quanto mais o ego interfere e reclama por receber algo que lhe dê prazer, mais difícil vai se tornando a capacidade de amar. Quanto mais se é consciente da voz interior do ego, mais esse amor amadurece, muda o desejo de se ter o objeto do prazer, do brinquedo, que uma vez velho ou quebrado, não lhe serve mais. Esse amor cresce, à medida que o próprio ego amadurece, se olhando no espelho, reconhecendo e entendendo seus próprios desejos.

Várias escrituras sagradas parecem querer nos ensinar o que é o amor e como amar. Sábios pegam o nosso pequeno exemplo do amor do pai pelo filho para tentar nos explicar um amor maior, como o amor "do Pai" pelos seus "filhos". Mas jogamos a palavra amor ao vento, como se já fôssemos totalmente cientes do seu significado.

Existem dois livros muito interessantes que falam do amor, um deles é um pouco antigo, o outro é bem recente. O primeiro é O Dom Supremo, de Henry Drummond, adaptado para o português por Paulo Coelho. O segundo foi lançado no final de 2010, se chama O Poder, de Rhonda Byrne, autora de O Segredo. Pelos títulos desses dois livros dá pra se ter uma pequena idéia do que é o amor: o dom supremo, o poder...

Estamos sempre aprendendo a amar, as fontes de estudo são muitas, ficam aí algumas idéias.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

É DANDO QUE SE RECEBE??

Essa antiga e sábia expressão se tornou tão popular hoje em dia que, eu tentando ser um bom blogueiro aqui, fui pesquisar o "é dando que se recebe" na internet antes de começar a escrever, e é impressionante a variedade de utilidades que essa expressão tem recebido. Sob esse título tem de tudo, tem vídeo de Edmundo (ex-flamengo) dando um tapa noutro jogador e recebendo um tapa e um soco de volta, tem textos sobre corrupção, o "ajuda-ajuda" suspeito de políticos "por baixo dos panos", e tem até uma conotação bem diferente como título de filme pornô. Essa frase realmente "caiu na boca do povo".

Vamos ver os significados mais comuns que temos então (em ordem aleatória):

É dando que se recebe 1: Uma mão lava a outra! Troca de favores.
É dando que se recebe 2: Bateu, levou! A justiça tarda mas não falha.
É dando que se recebe 3: Você recebe o equivalente àquilo que você dá. Lei de causa e efeito.

Ok, são três significados aparentemente diferentes, mas vamos tentar nos aprofundar aqui. Todos os três têm um teor parecido, um teor contábil lógico como se fosse um cálculo. Essa frase traz uma questão íntima e até abstrata, mas esse seu uso a reduz a uma simples questão de logística, que deixa muita gente confusa e insatisfeita com essa "lei", e nem podem ligar para o SAC do Universo reclamando "ei! paguei e não recebi!" É claro que a questão de causa e efeito muitas vezes se faz sentir, como a bola arremessada contra a parede volta na sua direção, apesar de não ser tão simples assim quando tratamos de atitudes ao invés de objetos. Mas mesmo assim, será que não tem nenhum significado faltando?

Buscando as origens de tal expressão, encontra-se uma outra parecida, nas palavras de Jesus na Bíblia: "Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando, vos deitarão no vosso regaço; porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo." (Lucas 6:38). Esse contexto nos leva novamente à questão da lei de causa e efeito. Mas há ainda um outro contexto a ser analisado, a expressão exata usada por Francisco de Assis em sua oração mais famosa:

"Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, Fazei que eu procure mais
Consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois, é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se vive para a vida eterna."

Na parte em que destaquei em itálico, São Francisco se refere a dar sem necessariamente receber (mais consolar que ser consolado, etc.) E por que? Porque é dando que se recebe. Ou seja, ser capaz de dar algo já é um prazer. Ele recebe a possibilidade de consolar, de compreender, de amar, e isso já é a maior dádiva que ele pode receber. Ele se sente feliz em ajudar, em dar. O que quer dizer que ao dar, ele já está recebendo. É dessa forma que se consegue alcançar o nível de dar sem esperar nada em troca.

Voltemos um pouquinho à Bíblia, pra ver que a interpretação de trechos isolados nos dão uma visão limitada da situação. No mesmo capítulo de Lucas, apenas quatro versículos antes daquele citado acima, Jesus diz:

"E se emprestardes àqueles de quem esperais tornar a receber, que recompensa tereis? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para tornarem a receber outro tanto.
Amai, pois, a vossos inimigos, e fazei bem, e emprestai, sem nada esperardes, e será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo; porque ele é benigno até para com os ingratos e maus."

Dá pra ver que além da causa e feito, há outro assunto importante, que foge da questão matemática do que se possui e o que vai deixar de se possuir. Trata-se de uma doação que não pensa "o que eu ganho com isso", e que por não pensar nisso, já ganha muito. Essa seria a tal "forma correta" de dar e receber, pois ambos estariam inclusos num mesmo ato.

Lógico que há várias outras análises que podem ser feitas desses textos, mas seria bom se pelo menos tivéssemos uma visão menos limitada do "é dando que se recebe", não acha?